Fujo dos dias, das horas, do tempo.
Fujo da vida.
As lágrimas que guardo são mágoas de um passado ainda presente.
O passado, por vezes, torna-se o presente e o futuro e arrasta-se aos nossos pés, como grilhões que nos lembram a cada instante que o nosso deserto mora aqui.
Há quem veja em mim cenários de deslumbramento, quando eu apenas sou um fardo que carrego, um resto de vida, um dia vazio, uma lágrima que se colhe na mão, de tão pequena...
Eu sou o espólio que sobrou daquela esperança, uma ferida aberta, sem caminho e sem estrada...
Sou a cápsula de tédio suspensa no tempo... E o tempo era ontem uma esperança...
Sou a vida que paira sob o medo. O mistério que desmonta a madrugada.
Eu sou estes ramos que sustento à voz do vento, e esta seiva que circula e que diz: "- Ama!"
Amo... Eu sei que amo... Amo em absoluto... E além do amor, em mim, não há mais nada... A cor dos olhos, e todo o rosto e o meu corpo, são em uníssono a mais sincera expressão de quem me ama...
Mas e a busca?... Termina onde?