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A Rosa Azul

A rosa azul partiu num outro carro. Não pode ficar na sua mão. Não podia! Havia algemas. E os espinhos eram tantos que a rasgavam e já não havia dor nas suas mãos. Eram só chamas e adereços de sangue e de tormentos repetidos. Mas a dor não celebrava mais o seu requinte. Era morta e com ela as suas mãos.
A rosa azul não tinha lugar na sua vida. Havia espinhos. Havia algemas e paredes.
A rosa azul partia com o vento noutra direcção e com o vento partia também a vida. A vida espaçada. Esquartejada no tempo. Adormecida.
A rosa azul partia.
Mas uma pétala, uma apenas, pousou à noite, devagar, sobre o seu rosto.