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("Epigraphs", Ketil Bjornstad e David Darling)

Ouço violoncelo e piano.
Os pássaros não. Estiveram todos à tua janela em serenata.
Apenas escuto o violoncelo... nostálgico... Azul... Gelado...
"Amo-te"
Eu sei... Eu sinto... Os pássaros inundam o teu quarto de madrugada, o dia mal despertou...
Mas aqui não existem pássaros, nem rosas azuis, nem espelhos.
Escuto violoncelo... E reparei só agora que as paredes estão azuis, sempre estiveram... As paredes estão nostálgicas, sem grades, vidros ou janelas...
Escuto violoncelo e piano... E parece um prelúdio de morte que se inicia...
Não vêem as mãos em chamas?...
As cinzas que se escondem do tempo... Do tempo... Do tempo...
No meu quarto não havia pássaros... A janela permanece fechada... Recuso o sol... Quero o azul do violoncelo e a seda lívida do piano apenas...
Surge o cosmos perceptivo... Texturas, cores, sons, cheiros e gostos... E converto-me no Pensador de Rodin e tudo à minha volta se transforma em sensação pura...