A solidão presente
Há uma solidão que me abate, mas também conforta... Uma solidão que me protege, porém também se esquece que sou frágil e que desejo alcançar um universo onde não exista esta tristeza, esta frieza que encontro sempre nos olhos de quem me rodeia, de quem se atravessa no meu caminho sem poder ver as mesmas maravilhas que eu deslumbro...
«Dá-me o vento, às vezes, vontade de partir
e chego a cegar de tanto arder o sol
e troco os rumos certos por estrelas
azimutes ideais por fantasias
e acordo num discurso de camélias
e mordo a erva em prados proibidos
como um cavalo à solta que fugisse
ao tempo do saber insustentado
e parto sem freio na noite intensa
como se o futuro fosse uma palavra
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não saberia
depois magoo-me na selva repetida
e mergulho no oceano da loucura
e troco rumos certos por estrelas
azimutes ideais por fantasias
e descubro por bússolas e sextantes
ilhas, tempestades e tornados
caminhos inventados navegantes
e dou por mim voltando a casa como dantes
e volto aos teus dedos regressado
como se o dia iluminasse e o mar abrisse
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não saberia
e abraço em ti a ponte de viver
entre mim e o ritual e a vaidade
e enches-me de beijos e desmontas
essa cegueira que eu tenho de inventar a liberdade
ser eu é mais que ser é pertencer-te
e só há uma pessoa no mundo a saber disso
não dá para vos explicar
não dá para vos dizer
se eu fosse escultor eras invento
se eu acreditasse eras feitiço
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não merecia»
(Pedro Barroso, Feitiço in Crónicas da Violentíssima Ternura)
«Dá-me o vento, às vezes, vontade de partir
e chego a cegar de tanto arder o sol
e troco os rumos certos por estrelas
azimutes ideais por fantasias
e acordo num discurso de camélias
e mordo a erva em prados proibidos
como um cavalo à solta que fugisse
ao tempo do saber insustentado
e parto sem freio na noite intensa
como se o futuro fosse uma palavra
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não saberia
depois magoo-me na selva repetida
e mergulho no oceano da loucura
e troco rumos certos por estrelas
azimutes ideais por fantasias
e descubro por bússolas e sextantes
ilhas, tempestades e tornados
caminhos inventados navegantes
e dou por mim voltando a casa como dantes
e volto aos teus dedos regressado
como se o dia iluminasse e o mar abrisse
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não saberia
e abraço em ti a ponte de viver
entre mim e o ritual e a vaidade
e enches-me de beijos e desmontas
essa cegueira que eu tenho de inventar a liberdade
ser eu é mais que ser é pertencer-te
e só há uma pessoa no mundo a saber disso
não dá para vos explicar
não dá para vos dizer
se eu fosse escultor eras invento
se eu acreditasse eras feitiço
e eu sem saber porquê que nunca soube
e se soubesse mesmo assim não merecia»
(Pedro Barroso, Feitiço in Crónicas da Violentíssima Ternura)