« Home | Ausento-me por uns dias... » | Pequenos Excertos da Poesia de Américo Rodrigues » | A solidão presente » | Preciso... » | Sem palavras » | A tua Papoilinha » | Um abraço... » | Palavras para um Dom Quixote... » | A música com que iluminaste a noite de ontem... » | Não posso amar-te... »

Sobre a Dualidade

Dia de luz difusa. Porém, eu ainda não o sei. Apesar dos olhos abertos, aidna não tenho a certeza se estou ou não acordado. Quase sempre, no momento de acordar, confundo o real e o sonho, misturo-os, e tenho medo. Nos meus sonhos, o absurdo impera, os cenários alteram-se com tanta rapidez que quando de repente vejo o meu quarto e os seus objectos assustadoramente imóveis, nunca sei se o que vejo é apenas um cenário novo na absurdidade do meu sonho, ou se, de facto, acordei. O que me vale é que passadas umas horas, o sonho se esvaiu quase por completo da minha memória, deixando só os seus traços gerais. Uns segundos mais tarde, consigo finalmente perceber que o meu quarto é o meu quarto, e não um cenário sonhado, e esta constatação, ela sim, é absurda.
Só um ou dois minutos mais tarde me apercebo do que me levou a acordar. A informação, ao que parece, fica retida e só quando tenho capacidade para a processar é que vem à tona.
Isto porque o telemóvel dá apenas três toques em sinal de mensagem, não mais, e esse tempo sonoro, já havia passado há muito.
A mensagem informa-me: Não estás vivo! O número não é de ninguém que conheça. De facto não estou. Mas é bizarro que um estranho me conheça tão bem.

26. 06. 05