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O Muro

Muitos anos se haviam passado desde a construção do muro. Tantos que já ninguém na cidade era antigo o suficiente para saber a razão porque o tinham construído. Na verdade, já ninguém se perguntava porque havia um muro à volta da cidade. O mundo era aquilo. Acabava ali. Os habitantes da cidade olhavam para o céu, e imaginavam que lá, havia, algures, pessoas como eles. ora do muro, no entanto, as gentes, nunca especulavam sobre o que lá se passava, pensavam até que nada havia além dele.
Já tinha havido quem o tentasse deitar abaixo: inutilmente. Houve quem tentasse trepá-lo: também inutilmente. Demasiado forte, demasiado alto. E, com o tempo, as pessoas foram-se resignando, e aceitaram o muro, como um facto consumado, como algo intransponível, insondável e incompreensível.
Na verdade toda a gente ali vivia sem provlemas por demais, para qu~e preocurpar-se com algo tão firmado e antigo que já ninguém se lembrava quando fora construído?

Do lado de fora um deus contemplava. Outro deus se aproximou:
- Que estás a fazer?
- Gosto de ver como os homens se comportam como formigas, riu-se o primeiro.