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Prelúdio... (Foi assim que aconteceu)

«Como é que começou este amor? Por palavras. Começou pelas palavras. Palavras escritas num espaço distante e invisível. Um espaço contemporâneo da comunicação das emoções. A ligação deu-se aí, e foi precisamente nesse momento que a carência de ambos colidiu com a necessidade de se amarem. As palavras substituíram o corpo, a presença que domina. Se eu comparasse a distância com o silêncio, diria que a distância perturba menos as palavras que se escrevem. Diria que o silêncio exerce o seu domínio sobre as palavras que se dizem. O amor é um espaço obsessivo. Chamo espaço a um sentimento que foi formado entre a distância e o silêncio. Poderá o amor sobreviver sem a sua própria imagem amorosa? Onde existe o lugar dessa imagem que armazena todos os sinais do prazer e da paixão? Quero ver se compreendo: será a imagem uma depressão deste amor? Eu sou o domínio da minha imagem sobre as palavras que revelo nessa união. Construí uma ligação feita de sentimentos transgressivos. A transgressão é um defeito de imagem que não personaliza o amor que se sente numa distância física. Mas nada é mentira numa relação distanciada; tudo é ainda mais verdadeiro e fértil, ainda mais protegido pela ausência. O sexo também entra neste processo. Chegar a ti por uma necessidade de prazer. Sentir os corpos serem possuídos e acariciados por recordações emocionais. Aperfeiçoar a relação sexual através da distância. Viver no absoluto de amar no silêncio.»
(Fernando Esteves Pinto- Sexo Entre Mentiras.)

grande texto! tocou!

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