« Home | Noites Brancas (VII: Palavras dela) » | Noites Brancas (VI) » | E ainda a vontade de me rever... » | Noites Brancas (V) » | Felicidade (ou a canção do nada - em islandês: Njo... » | Noites Brancas (IV) » | Noites Brancas (III) » | Carta de suicídio (parte 3, outra vez, porque não ... » | Carta de suicídio (parte 3) » | Carta de suicídio (parte 2) »

Noites Brancas (VIII: Palavras dele)

- Vivi todos os dias contigo... Estive sempre contigo... No sonho e no momento de acordar... Despertar para a vida acontecida...
Estive em ti... Ancorado aos teus pés, engolindo as tuas lágrimas e as minhas... Morei nos teus olhos e ainda resido no teu brilho... Não há palavras que cheguem para descrever a tua beleza, nenhum poema basta, nenhuma canção... Existes apenas tu e tudo é tão ínfimo perante a tua face... Por isso, na tua ausência, apenas recordo pedaços de ti, fragmentos daquilo que de tão limitado os poetas me podem dar da tua presença...
E sonho em ti, por ti, porque toda a fantasia se completa nos teus braços e sei-te aqui, no meu quarto, sei-te minha, obcessiva e intemporal... Escuto os teus passos... É esse arfar do teu peito que me enlouquece... Os teus sons... Pressinto o teu prazer, sinto-o na pele, nos sentidos, na boca que invadiu já o meu corpo e me procura adormecida... Prendo as minhas mãos nas tuas e voamos... O amor sempre nos deu as asas que o teu mundo nos negava... Voamos... Tu vens em mim, a boca quente, o corpo longo que esmago e que deixo levitar nos meus dedos, em gemidos que te dou, que também sinto, que aumento e permito acontecerem, pois vens comigo, estás aqui e eu contigo e somos nós que voamos sobre o mar... E pousas o teu corpo de cisne iluminado, junto ao meu... E eu permaneço ancorado aos teus pés e sopro o sono nos teus dedos e fico a contemplar-te, no silêncio que se instala depois do sonho...
Sempre o sonho... Uma realidade paralela que mendigamos no tempo e no espaço proibido... Um sonho fugídio que vivo contigo...