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Perguntaste-me: "Achas possível sentir-se saudades do futuro que ainda não se viveu?"

Sim, são possíveis saudades do futuro
Talvez sejam estas o pior tipo de saudade... Porque não arrastam consigo o sabor adocicado das memórias vividas do passado... Arrastam apenas a ilusão da perfeição que nos engana e nos faz viver olhando para trás, na dúvida permanente de termos deixado passar talvez o sonho pelo qual sempre esperamos... Há que saber lutar contra esta máscara, as saudades do futuro são ervas daninhas que nos toldam os sentidos... São um engano... Palavras de quem nada sabe, mas que já viveu um pouco para sentir o que muitos dizem ser impossível... Não pretendi nunca iludir-te os sentidos... Penalizo-me por te embriagar desta forma... Mas não soube mostrar a tempo que há um imenso mundo que me devora... Tal como a querida Nastenka das Noites Brancas, pedi-te quase pateticamente que não te apaixonasses... Ou pelo menos que não o fizesses antes que isso acontecesse em mim...
Eu tenho imensa dificuldade em confiar em alguém... Tu magoaste-me... Ridicularizaste-me sem qualquer necessidade...
Preciso cuidar de mim, são já tantas as feridas, cada vez mais sinto que preciso escudar-me do mundo, do mundo que não foi feito para me receber, ou para o qual não fui feita para viver... Pensa que sou louca, se quiseres, já nada me preocupa, neste meu cantinho de sonhos, eu sinto-me protegida, sinto que nada nem ninguém me poderá atingir, sou cobarde, sim, nunca te escondi isso... Mas não pedi para nascer assim, e acredita que luto imenso para mudar, luto todos os dias, mas há essências que não se perdem nunca... E a vida às vezes aproveita-se que somos frágeis para nos pregar algumas partidas... Um somatório de situações difíceis aliadas a uma predisposição genética para uma fragilidade assustadora, resultaram no ser que começaste a conhecer de forma rápida e intensa... Sou culpada por te deixar pensar que seria capaz de abandonar este casulo... Não sou... Não ainda... Não contigo... Ri-te do meu sentido “dramático”, como lhe chamas, não espero que me compreendas, não espero que consigas ver o que vejo... Tu foste maravilhoso ao seres autêntico e genuíno, agradeço-te tanto por isso... Por isso deixa-me ser autêntica também...
És um querido, M.... Não pretendo nem nunca pretendi fazer-te mal... Por isso é melhor deixarmos as coisas como estão... Sinto-me nervosa e triste por sentir que o que me afasta das pessoas sou eu mesma, sou eu que não consigo enfrentar as situações, sou eu que me acobardo, sou eu que não me vejo como uma mulher plena, sou eu que tenho uma forma diferente de ser e de estar que não encaixa em nenhum lado... Quero estar só... A decisão é minha, a opção é minha e ninguém pode interferir nisso... Quero estar sozinha o tempo que precisar, ainda que seja muito, ou seja sempre... Não quero pensar agora nisso, só quero fazer as coisas a pensar em mim, só em mim, deixa-me ser egoísta, preciso sê-lo, sou dona do meu corpo, da minha mente e tenho de amar-me em primeiro lugar... Nem que seja uma só vez na vida eu vou amar-me em primeiro lugar... Preciso amar-me... Eu preciso cuidar de mim... Há demasiadas feridas para sarar...
Fui inconsequente ao entrar assim na tua vida... Perdoa-me por isso... E continua a acreditar e a sonhar como até aqui, ou antes, sonha mais ainda, porque encontraste alguém que também sonha muito e que precisa acreditar, como tu, que os sonhos são possíveis... Não te entristeças, faz-me esse favor, não te arrependas do que foi dito ou feito... Fomos autênticos e isso já não existe... E isso só pode deixar-nos felizes...
Tu disseste-me um dia que eu seria muito feliz... E eu devolvo-te essa clarividência futura, com todo o carinho que existe em mim e que tu mesmo absorveste desde o primeiro olhar... Tu vais ser muito feliz... Vais... Terás de o ser... Tu és genuíno e querido demais para não seres amado... Só vai ser preciso que a princesinha encantada descubra por onde andas... Sabes que isto dos príncipes e princesas encantadas é confuso, é preciso desenrolar um verdadeiro novelo engelhado para se desembaraçar o fio de Ariadne que nos levará até ao lugar do paraíso... Eu continuo a acreditar... Prometes que fazes o mesmo?...

Beijinho
(Agosto 2005)