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A Passante

Ela passou por mim. Se tal pudesse suceder, diria que o tempo se susteve. Naquele momento tudo flutuava. Os relógios se pudessem teriam parado. O próprio tempo se conseguisse teria cessado. Ela passou por mim.
Era a mulher mais bela que alguma vez vira. Era perfeita. Não há outra palavra. Bela sim, mas não só: perfeita. Uma passante. Mais que isso. Tão bela que forçava a certeza de estarmos perante um anjo. Um anjo sorridente. Ela passou por mim. Eternamente passava por mim.
A minha vida não foi mais a mesma. Quis saber o seu nome. Mas não quis saber quem era. Tive medo que o interior despedaçasse aquela perfeição que vira, aquele rosto que não conseguia esquecer, e cujas palavras não conseguem, por mais que queiram e por mais que eu queira, descrever. É-me ainda difícil sobreviver aquele rosto. Sempre sorrindo. Ela passou por mim.
É-me ainda difícil conviver com a sua presença. É como se, mesmo que inconscientemente, algo me empurrasse para ela. Não sei dizer. Eu era capaz de a amar.